quinta-feira, 2 de abril de 2009

02.04.2009 - Heliodoro dos Santos Arruda: O tempo passa, o legado fica...

Há um ano atrás partiu nosso querido Heliodoro dos Santos Arruda, filho do Juiz Abdias de Arruda, pernambucano, e Izabel dos Santos Arruda.

Transcrições da Agenda de Bolso de Abdias de Arruda:
“Heliodoro nasceu às 11 horas da manhã de uma quinta-feira no dia 3 de Dezembro de 1925 na cidade de Óbidos”.

Seu nome deveu-se a intensa união entre seu pai, Abdias, e o irmão Heliodoro Gonçalves de Arruda, conforme podemos constatar observando transcrição do Caderno de Lembranças ao Bacharel Manoel Tertuliano Travasso d’Arruda, pai de ambos:
“Heliodoro nasceo a 29 de Agosto de 1876, em um dia de terça feira às 3 horas da madrugada. (Foi batizado) a 10 de Setembro do mesmo anno, pelo Padre João da Costa Bezerra Carvalho, de Bom Jardim, sendo padrinhos o Capitão José Francisco Cordeiro d’Arruda e o Tenente Jeremias Cabral d’Arruda”.

Vejamos trecho escrito por Auta Arruda do Amaral em suas “Memórias”:
“Em 1925 a família se enriquecia com mais um filho. Heliodoro.
Forte, bonito, encheu de alegria nossa casa. Aos 10 meses teve uma doença grave. Por vários dias esteve com febre alta. Minha mãe, a aflição estampada no rosto seguira a risca a orientação do médico, Dr. Antonio Magalhães que chegara havia pouco, para o Posto de Saúde recém criado para debelar malária e verminose. Dr. Braulino já havia deixado Óbidos, seguindo para o Maranhão.
O Dr. Magalhães, um rapaz moço, bonito, mas de um gênio que explodia por qualquer coisa, era, no entanto, um médico dedicado e competente. Meu irmãozinho esteve à morte, mas depois de tantos medicamentos, inclusive injeções diárias, levantou-se dessa. Nas nádegas emagrecidas as injeções supuradas eram cuidadosamente tratadas pela D.Lucinda Vieira. Naquele tempo, apenas o médico aplicava injeções.
Cicatrizadas as feridas, minha mãe começou a notar que a perninha esquerda estava afinando e sem a menor firmeza. O que minha mãe fez de fricções, massagens, com tudo o que ensinavam, marapoama, andiroba, óleos os mais extravagantes, nem sei contar. O médico receitava algum fortificante e nada podia fazer. A verdade é que a perna afinava sempre e enfraquecia. O garoto muito ativo, não perdia as brincadeiras de correr, jogar bola, embora sempre protegesse o joelho com a mão esquerda. Depois foi atrofiando e ele teve que usar muleta, o que completou a atrofia. Felizmente ele nunca teve complexos, mas minha mãe não se conformava. Meu filho! Nasceu perfeito e agora está assim. Foi das injeções? Foi paralisia infantil?
Uma ocasião, já crescido, foi ao médico, fazer uma consulta. O Dr. Magalhães, no consultório, examinou-o e perguntou com sua delicadeza: - quem foi o cavalocrata que te aplicou essa injeção? O menino na sua franqueza natural, respondeu: - foi o senhor, doutor!!!”

Heliodoro dos Santos Arruda foi o 9º filho de extensa prole, ou, se contado mais criteriosamente, o 12º, já que, além do falecimento prematuro do filho Joffre (1º Joffre), duas outras gestações não lograram êxito.
A cada partida de um dos filhos do Dr. Abdias temos quase que por instinto, a reflexão. Sobre o que aquela vida deixou como legado, o testemunho para os que sucederam, o privilégio daqueles que foram seus descendentes ... ramificação de genealogia sólida!
Em particular, Heliodoro foi, além das características intrínsecas aos filhos do casal patriarca, um exemplo de superação física. Quiçá acometido por paralisia infantil ou injeção mal aplicada, este conviveu a partir dos 10 anos de idade com atrofia na perna pelo restante de seus dias...
Desnecessário é citar aqui seus atributos como Advogado, Promotor e demais ações que vivenciou no Judiciário, ficamos com a lembrança do casarão sempre repleto, às proximidades do Mercado de São Brás, a casa “Gina” no Mosqueiro, e, principalmente, seu coração, morada de muitos...
Para complementar a menções, lembramos o texto “O Comodoro de todos nós chamado Heliodoro”, de Fernando Mergulhão.
À querida Tia Gina, filhos e descendência, nossos cumprimentos, no ensejo de exaltar-lhes a transformar compreensível tristeza deste dia em imensa e gradativa saudade reconfortante, agradecendo a Deus pelo sopro de vida e o privilégio de termos compartilhado desta trajetória de vida.

Maurício Santos Arruda

Um comentário:

Salvador disse...

Heliodoro nasceo a 29 de Agosto de 1876, em um dia de terça feira às 3 horas da madrugada. (Foi batizado) a 10 de Setembro do mesmo anno, pelo Padre João da Costa Bezerra Carvalho, de Bom Jardim, sendo padrinhos o Capitão José Francisco Cordeiro d’Arruda e o Tenente Jeremias Cabral d’Arruda

A RESPEITO DESSA INFORMAÇÃO, APENAS PARA ACRESCENTAR o TENENTE JEREMIAS CABRAL D'ARRUDA FOI PADRINHO E TIO OU NÃO?